Câmara de Serra quer benefício maior: R$100 não atendem a população
Além do valor mensal de R$100 ser considerado insuficiente, o número de pessoas beneficiadas pelo Governo é pequeno demais diante da grande parcela atingida pela crise causada pela pandemia do coronavírus. Projeto da Câmara alcança também motoristas, microempreendedores individuais, num total de 43 mil famílias, com apenas 3,5% do orçamento público.
O auxílio que a prefeitura de Serra pretende oferecer em decorrência da pandemia do coronavírus não atende à necessidade da população, além de ser uma conta que parece não fechar. De tão insuficiente pelo número de assistidos e valor oferecido em contraste ao que vai embolsar a empresa contratada para operar o sistema, a Câmara Municipal de Serra decidiu discutir uma nova proposta e encaminhar ao prefeito Audifax Barcelos, a fim de alcançar 43 mil famílias. A ideia foi aprovada por 12 dos 23 vereadores.
De acordo com o vereador Stéfano Andrade (PSD), o auxílio anunciado por Audifax beneficia apenas 2.683 famílias com R$300 divididos em três parcelas de R$100 mensais. O custo total é de R$804.900. A licitação feita pelo município totalizou R$2.280.000,00 (dois milhões, duzentos e oitenta mil reais), como consta no Portal de Transparência. A diferença é o que embolsará a empresa contratada para fornecer os cartões e operar o serviço.
O que tem causado reprovação é que este benefício que chega às vésperas de uma eleição atende a um número ínfimo da população de Serra, que ultrapassa 400 mil moradores. O valor de R$100 mensais não garante alimentação, muito menos higiene para uma família média brasileira, que é formada por quatro pessoas.
A LEI AUDIFAX – A licitação realizada pelo prefeito Audifax Barcelos surpreendeu a Câmara Municipal de Serra, que esperava uma lei a ser votada. A realidade é que a criação de um programa de complementação de renda para pessoas em situação de miserabilidade existia desde setembro de 2009, época do então prefeito Sérgio Vidigal. Porém, Audifax a revogou, ao assumir. Mas voltou atrás e recriou lei semelhante em 2013 (Lei 4013/2013).
O programa de Audifax, no entanto, nunca saiu do papel, até que em novembro de 2019, a prefeitura abriu uma licitação para criar um cartão que beneficiaria famílias com R$100 por 12 meses. “O prefeito fez uma licitação quando nem no mundo se falava em pandemia e demorou seis meses para assinar o contrato com a empresa. Ao meu ver, essa lei hoje não atende a população serrana, nem pela quantidade de famílias a serem assistidas nem pelo valor ofertado”, avalia Stéfano Andrade.
A PROPOSTA DA CÂMARA - Segundo o edil, a proposta da Câmara encaminhada ao prefeito visa atender 43 mil famílias num orçamento mensal de R$21,5 milhões. “No final de três meses, o custo comprometeria apenas 3,5% da arrecadação do município, que no ano passado foi de R$1,8 bilhão”, explicou o vereador.
Com este montante, seriam beneficiados não só a população em estado de miserabilidade como os micro empreendedores individuais, comerciantes autônomos, e ainda motoristas de vans escolares, de aplicativos e taxistas.
Para Stéfano, a licitação de Audifax é uma Escolha de Sofia. “A meu ver, o que parece é que o prefeito tentou aproveitar uma lei que não foi criada para esta finalidade. A realidade econômica do país mudou. R$100 mensais não coloca comida na mesa de ninguém”, continuou o vereador, lembrando que a prefeitura já empenhou R$1,9 milhão para este fim.