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Conheça a vida de Gersom Sabino, o rapaz especial de 29 anos que sonha em ser motorista da Transcol

Conheça a vida de Gersom Sabino, o rapaz especial de 29 anos que sonha em ser motorista da Transcol

Gersom começou a passear pelos ônibus ao lado dos motoristas quando sua família tinha uma farmácia vizinha a uma empresa de ônibus. Não parou mais. Diariamente, ele bate ponto na empresa. Tanto que ganhou uniforme e crachá. Ele utiliza um cabide como volante e repete todos os movimentos dos motoristas. De tanto amar o que faz, comemorou dois aniversários dentro do ônibus, sua paixão.

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            Ele é funcionário para ninguém botar defeito. Diariamente, vai para o trabalho mesmo em dias de frio ou chuva. Cumpre o horário rigorosamente. Carrega o pão do lanche e o almoço. Tem uniforme lavado e passado. Só falta realmente o salário. Estamos falando de Gersom Sabino, um jovem de 29 anos que nasceu portador de necessidades especiais. Não conseguiu cursar a alfabetização. Não tem noção de dinheiro, mas sabe muito bem o que é responsabilidade. Gersom acredita que é contratado da Transcol. Senta na primeira cadeira, bem próximo ao motorista, e acompanha todos os seus movimentos, utilizando um cabide de pendurar roupas.

            Gersom bate ponto na linha Jardim Bela Vista há muitos dez anos e já é bastante conhecido não só da equipe como também dos passageiros. Tudo começou quando sua família possuía uma farmácia ao lado de uma das empresas. “Os motoristas se tornaram nossos amigos e o levavam para passear. Ele pegou gosto e não parou mais. Ele pensa que também é motorista”, contou a mãe, Eronice.

            Gersom retorna para casa repetindo os mesmos comentários dos colegas. “Ele diz que neste sábado vai trabalhar, ou que no domingo vai fazer hora extra porque precisa dobrar o salário. Mas é tudo fictício”.

            A rotina de Gersom é ir para o terminal. “Isto se tornou a vida dele”, garantiu a mãe. Lá, alguns motoristas fazem o convite: “Gersom, hoje você vai trabalhar comigo”. Ele também faz sua escolha e segue.

            “Estou na empresa há nove anos e desde que entrei Gersom já esta por lá”, contou a motorista Simone Dutra Chagas. Ela contou que Gersom não atrapalha. “Ele não fica tentando conversar com a gente. Ele senta na cadeira dele e imita nossos movimentos com o cabide. Fica nos observando. Tudo o que eu faço ele repete. Os movimentos nas curvas, tudo. Leva o pãozinho para o lanche, faz o horário de almoço também”, contou.

            Quando a quarentena teve início, foi difícil para o rapaz entender que não poderia ir ao terminal. “Ele foi para o trabalho comigo. Trabalhávamos em dias alternados e ele me acompanhava, até retornar ao que ele ama, que é passar o dia nos ônibus”, disse a mãe.

            Nice garante que o filho ama o contato com as pessoas. “Ele ajuda idosos a subirem, auxilia quem tem sacolas para carregar e até mesmo pede alguém para se levantar para um idoso sentar”, contou Nice, que fica feliz com o carinho e respeito que o filho recebe tanto dos funcionários quanto do público.

            A paixão de Gersom pela atividade de “motorista” é tão grande que por duas vezes seu aniversário foi comemorado dentro do ônibus, com direito a bolo, torta salgada e refrigerante. “A Transcol é a vida dele”, afirmou Nice.

 

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