O painel da Covid-19 do Governo do Estado indica que o maior número de casos está ocorrendo em bairros nobres. Entretanto, o número de óbitos, é maior dos bairros de periferia. Como explicar isso?

O número oficial de infectados é maior nas áreas nobres, devido ao fato destes realizarem mais exames do que nas áreas mais carentes. Isso ocorre porque na sua grande maioria, são cidadãos que possuem planos de saúde, e os laboratórios de hospitais particulares realizam o exame. O mesmo não acontece nas áreas de periferia.

Embora o atendimento médico esteja acontecendo dentro da normalidade e alguns serviços até estão fazendo atendimento exclusivamente para Covid-19, os usuários do SUS tem que se submeter aos critérios adotados pela Secretaria Estadual de Saúde para a realização dos exames. Logo, mais pessoas testadas, mais diagnóstico. Menos pessoas testadas, menos diagnóstico.

Se as testagens nas regiões de periferia e regiões nobres fossem proporcionais às suas populações, certamente o número de infectados na região de periferia seria maior. Isso ocorre por dois motivos:

1) nas áreas nobres, é mais simples fazer isolamento social. Pessoas empregadas, empresários… alguns com alguma reserva financeira, tem maior possibilidade de ficar em casa, além das características habitacionais que permitem um maior isolamento

2) quando necessário, tem seus próprios veículos, evitando o contato físico. Já nas áreas de periferia, muitos indivíduos dependem do trabalho do dia-a-dia para sobreviver, não tendo a opção de ficar em casa. Além disso, necessitam do transporte público, local inquestionável de aglomeração, para ir e vir do trabalho. Daí, estas pessoas levam mais coronavírus para suas casas.

E por que as regiões de periferia tem mais óbitos? O cidadão de classe nobre, via de regra, teve maior qualidade de vida, e entrou na pandemia com melhor condição de Saúde. Devido sua facilidade de Assistência Médica, pode fazer um melhor controle de sua diabetes e hipertensão, e com isso teve menos complicações na Covid-19, portanto, resistiu mais.

Já a maioria das pessoas de áreas de periferia, devido as suas dificuldades de assistência em saúde, entrou na pandemia já com complicações, tendo dificuldade para sobreviver às complicações da doença. A pandemia reforça a necessidade do fortalecimento do SUS.