Delegado Federal Márcio fala sobre sua pré-candidatura à Prefeitura de Serra
Ele é delegado da Polícia Federal, cristão Batista de Valparaíso e quer ser prefeito da Serra. Embarcado no estilo do presidente Jair Bolsonaro, faz questão de dizer que é casado com mulher. Acha a gestão de Audifax péssima. "A população não quer mais obras, quer serviços funcionando".
Ele tem 48 anos de idade, é delegado da Polícia Federal, cristão Batista de Valparaíso e quer ser prefeito de Serra. Embarcado no estilo do presidente Jair Bolsonaro, faz questão de dizer que é casado com uma mulher, tem um filho homem e e duas meninas. Apesar de se afirmar como único pré-candidato legítimo da Direita para o próximo pleito em Serra, é filiado ao MDB de Luiz Carlos Moreira, do Centrão. Em bate-papo com o Portal de Notícias GMNews, o delegado falou sobre sua visão política. Acredita que a população não quer mais obras. Acha a gestão de Audifax péssima. Vê o ex-prefeito Sérgio Vidigal o único com experiência administrativa (ele conseguiu os recursos da Vale para Serra), diz que Amaro Neto foi linchado pela opinião pública e que é inteligente pra apoiar Vandinho Leite ou qualquer outro. “Sou a melhor opção para Serra”, garantiu, se equiparando a José do Egito. “Ele administrou bandidos e eu também. Servimos ao mesmo Deus”.
Pq o senhor quer ser prefeito de Serra?
Para mudar essa cidade e inaugurar um novo jeito de fazer política com propostas e soluções para os problemas. Muita gente vai ficar impactada com minha maneira porque eu vou mostrar os erros, vou dizer os nomes, sem atingir a dignidade e a honra dos meus adversários. Nós não vamos fazer uma política como foi feita de Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB) em que era o sujo e o mal lavado, um concorrendo com o outro. Fizeram um pacto de boa amizade e ninguém falava dos erros dos outros. Depois, com a operação Lava-Jato, pudemos ver que os dois estavam envolvidos num lamaçal de sujeira.
O senhor vem pelo MDB, que é um partido considerado Centrão, mas o senhor tem declarado apoio a Bolsonaro. Como ficou resolvida esta questão?
Eu posso ter mudado de partido mas não mudei de personalidade nem de posição. Desde o início eu venho falando que eu sou de Direita, sou conservador, sou cristão e apoio o presidente Jair Bolsonaro, que é o representante da Direita. O fato de não ser do partido do presidente me dá a liberdade de fazer críticas em pontos que ele erra porque eu não sou um apoiador insensato, que tudo que é feito eu acho que está certo. Eu tenho sim algumas críticas quanto a posturas e posições.
Eu comecei no PSL na época em que era o partido do presidente. Depois o PSL resolveu que iria trazer o Torino Marques para ser o candidato a prefeito deles. Eu sabia que este projeto era uma furada. Uma prova disso é o Amaro Neto que apareceu nas mídias sociais como pré-candidato a prefeito da Serra e foi linchado pela opinião pública.
Acabei me filiando ao PRTB do vice-presidente General Mourão que eu pensei que era o mais próximo do presidente Bolsonaro e depois eu vi que não. O PRTB resolveu acompanhar o Vandinho, que vai ser candidato do PSDB, e no último dia me tirou fora, dizendo que eu não fazia parte do projeto do PRTB para a Serra. Eu sempre falei: Deus me deu o sonho de ser o prefeito da Serra. Ele vai dar os caminhos. Fui para o meu trabalho no último dia pensando: acabou meu projeto. As minhas ideias não vão fluir porque eu não tenho um partido.
O senhor apoiaria o Vandinho, se não quisesse ser candidato?
Se eu não for candidato não vou apoiar ninguém. Você tem que estar debaixo da liderança de alguém inteligente, alguém com projetos e eu não vejo fora das minhas condições alguém que justifique eu estar debaixo da liderança dele. Não apoiaria até porque o partido de Vandinho é de Esquerda, e tem como maior representante o Fernando Henrique Cardoso que foi expulso pelo regime militar de 64. E nós temos lá Aluízio Nunes, Serra, que são de Esquerda. Eu mantenho firme na minha posição de Direita que não vou fazer aliança com partidos de Esquerda.
Mas retornando sobre o MDB...
O MDB me convidou. No último dia. Avaliei, estudei o MDB, o estatuto de todos os partidos com representação na Serra. O MDB não tem esse viés socialista. Por isso eu aceitei. Conversei com a direção do MDB e eles me deram liberdade para eu continuar fazendo o que eu fazia, seguindo os meus valores, apoiando o meu presidente.
Como o senhor avalia a atual gestão?
Péssima. E não é só a atual gestão. O que nós podemos ver nas gestões de Audifax e Vidigal é que eles são homens de fazer obras. Grandes prédios. Se você perguntar aos dois qual é o legado que estão deixando para a Serra, eles vão dizer: a maior UPA de Castelândia, o hospital, asfalto... mas isso não muda a vida das pessoas. O que muda a vida das pessoas é a qualidade dos serviços públicos que é oferecida ao município.
As obras que estão sendo feitas neste último ano pelo Audifax são com dinheiro emprestado. Então, um gestor que faz obras com dinheiro emprestado, não é um bom gestor. E no caso do Vidigal, ele tem o mérito de ter feito um bom governo no primeiro, mas quando você estuda a razão do bom governo, é que os funcionários estavam há seis meses sem receber. E havia uma pendência na Justiça de uma ação judicial que questionava se a Vale pertencia à Serra ou a Vitória. Então, Vidigal como prefeito entrou em acordo com Vitória e eles dividiram o montante que vinha sendo depositado judicialmente e dividiram o valor naquela demanda. Com esse dinheiro que entrou nos cofres públicos, ele pôde sanear as contas do município. Então não é gestão, são recursos que fizeram dele um bom gestor. Eu costumo falar que administrar o Egito em sete anos de fartura, qualquer Faraozinho faz. Agora, em tempos de escassez... a gente precisa de sabedoria e inteligência.
Segurança é uma questão importante para Serra, que já foi apontada como uma das cidades mais violentas do país. O senhor é delegado, e não é o único da área a disputar a prefeitura neste pleito. Essa pasta, sendo do Estado, pode ter que contribuição de um prefeito?
Eu tenho um projeto completo para a Segurança Pública, que é o Plano de Segurança Pública. Como eu não vou receber salário da prefeitura porque eu continuaria sendo remunerado pela Polícia Federal, a economia de R$931 mil que a prefeitura vai fazer com o salário do prefeito, nós vamos apresentar um projeto na Câmara Municipal para que este recurso seja utilizado para gratificar os profissionais que trabalharem na identificação dos assassinos. A gente precisa reduzir o número de assassinatos na Serra que é grande – foram 302 em 2017 – e a Serra ainda está entre as cidades mais violentas do país e do Estado. Vamos investir na preparação da Guarda Municipal e policiamento ostensivo. A ideia é dividir a cidade em sete pólos regionais. Cada regional com até 70 guardas e um xerife. A sede seria na entrada de José de Anchieta. E tenho um projeto para integrar as crianças da Serra num futuro melhor. Isso, ligado a um projeto social.
E quais seriam seus projetos para a área social?
Nós temos um projeto idealizado que é o de construir uma Usina de Reciclagem do Lixo. Serra recolhe 120 mil toneladas de lixo no ano, que gera até R$27 milhões de lucro. Com esse dinheiro podemos empregar aproximadamente mil pessoas, entre eles os carroceiros para acabar com o transporte de tração animal e dar a eles uma ocupação lícita com carteira assinada. Com o recurso gerado pelo lixo nós vamos criar projetos com as associações de moradores regulamentadas com estatuto e CNPJ. Elas vão oferecer ações sociais nos bairros através de um contrato de parceria com o município. Vão receber um repasse de R$7 mil mensais. Ao ano, o investimento será de R$15.540.000. Como a gente vai gerar R$27 milhões do lixo, vou transformar o lixo em Esporte e Lazer. Temos aproximadamente 184 bairros formalizados ou não na Serra. Aproximadamente mil crianças podem ser alcançadas nestes projetos sociais.
O senhor citou o endividamento da prefeitura. Os empréstimos chegam a R$300 milhões, segundo a Câmara. O novo governo vai entrar com esta dívida e também com o agravante da quarentena: desemprego crescente e comércio falindo. O senhor acredita que é um momento que necessita de uma responsabilidade grande da pessoa que quer assumir essa gestão e exige dela uma experiência administrativa?
O único que tem experiência de gestão é o Vidigal mas ele está com contas na Câmara Municipal que podem ser reprovadas por ressalvas do TCE, por irregularidades. Ele pode nem assumir ou ser retirado do cargo municipal. Costumo dizer que José do Egito, que foi o melhor governador que o Egito já teve, teve duas experiências administrativas: a casa de Potifar e uma unidade prisional onde ele foi recolhido. Eu também tenho duas virtudes comparadas a José. Também fui administrador de delegacia. Assim como José, sei trabalhar com bandidos, e sirvo ao mesmo Deus. E se for da vontade de Deus, Ele me dará capacidade para administrar a Serra. Não tenho essa preocupação assim como não tenho experiência. Se nós não renovarmos não vamos poder saber se uma pessoa é capaz de melhorar a cidade ou não. O prefeito de Colatina que é muito bem avaliado, não tinha experiência administrativa anterior.
Em relação ao desemprego que já era grande no país e é crescente agora com essa pandemia, como o senhor pretende estimular a criação de novos postos de trabalho e atrair a implantação de indústria?
Tenho uma séria crítica quanto aos administradores socialistas ou comunistas porque eles sempre falam em geração de distribuição de renda sem falar em geração de renda. Para distribuir tem que gerar. Este é o grande erro. Na Serra pretendemos criar o PAE – Plano de Atração de Empresas – onde vamos eliminar burocracias. Quem é empresário na Serra e quer implantar a sua empresa aqui sabe do que estou falando. É difícil passar pela secretaria da Serra e ter sua licença ambiental aprovada. Vamos fazer uma portaria que quando der entrada no processo na prefeitura, ele vai passar por uma triagem inicial e ser classificado em uma das três categorias: simples, média e alta complexidade. Se for simples, o prazo para o pedido ser analisado, deferido ou não, será de 15 a 30 dias. Assim não precisa do secretário, vereador ou amigo que vai fazer seu processo passar na frente.
Nós também vamos fazer processos digitais. Na PF eu trabalho com enquetes digitais. É maravilhoso. Digital não some e é fácil verificar se não estão perdendo os prazos. São medidas que a gente vai criar além da reciclagem do lixo, da Agricultura para produção de frutas tropicais, Piscultura, para camarão e lagosta em Jacaraípe. A indústria do pescado pode vender para o Brasil inteiro. São vários projetos que temos para gerar emprego e renda. Nós mostramos o que pretendemos fazer para gerar renda e melhorar a cidade e ser um pólo de atração para as pessoas quererem vir pra cá.
Economia de mal a pior e Serra ainda carece de infraestrutura e saneamento básico. Como o senhor pretende conseguir apoio do Governo Estadual e Federal? Que tipo de relacionamento seu partido tem com estes governos para buscar parcerias?
Com o Governo Estadual, certamente não haverá grandes alinhamentos. Não por minha causa, porque não desagrego. Mas o governo estadual é socialista. Provavelmente não vai olhar com bons olhos alguém que apoia o Governo Federal.
Com este, nós queremos e necessitamos de um alinhamento. Se você perceber, as maiores obras que acontecem num município dependem do governo federal. O que o município arrecada acaba sendo consumido só na gestão administrativa e não há muitos recursos para investimentos. Hoje está havendo conversas do MDB com o governo para ser parte da base.
O coronavírus provocou um reajuste no mundo principalmente na área da Educação. Tudo virou virtual. E a gente sabe que as crianças que dependem da Educação Pública muitas vezes não tem acesso à internet nem a computadores em casa. Como o senhor pretende lidar com isso, sendo prefeito?
É engraçada a mudança de argumento porque quando você vai falar de prisão injusta, o argumento é que se houver uma pessoa inocente dentro de um presídio, não vale a pena prender 100 e prejudicar um. Na Educação é o inverso. Se tiver uma pessoa que precisa de acesso à informação, já valeria a pena você ter oferecido o recurso da internet da mídia social. Porque em termos de implantação de projetos que auxiliam a Educação, o curso é zero. As plataformas e aplicativos que oferecem Educação não custam nada. Por que a prefeitura da Serra não poderia oferecer? É por causa das crianças que não teriam acesso? E as que podem ter? E para as que não tem, podemos trazer alternativas. Existe um leitor digital que custa apenas R$300. Já imaginou um aluno tendo acesso ao leitor digital, às matérias de auxílio por ele? Tem que ter inteligência pra criar saídas. Lá no Nordeste foi utilizado o rádio. Tá aí uma ferramenta fácil, ágil e acessível para ajudar as crianças.
Na sua opinião, qual o candidato mais forte que o senhor pode enfrentar?
A Esquerda. Somos o único candidato de Direita. Nós não vamos abrir mão das nossas propostas. Não vamos fazer alianças para entregar secretaria de Saúde para um candidato, de Serviço para outro. Estamos abertos para fazer composições. Para fazer um projeto em conjunto com algum pré-candidato que não seja de Esquerda. Mas Esquerda é sagaz. Ela se reúne, abre mão. Pode haver nesse cenário, união.
Eles acham que dominando autoridades e cenários eles vão dominar o resultado das urnas e isso não vai acontecer este ano. Vou dar exemplos. Audifax ter nas mãos seis partidos, achando que com isso o candidato dele vai para o segundo turno. Não adianta Vidigal ter nas mãos sete partidos ou até aumentar essa base achando que com isso ele vai pro segundo turno ou até ganhar no primeiro turno. A população já é consciente e sabe analisar as propostas e em quem votar.
Que legado pretende deixar sendo prefeito?
Diferentemente do que eles tem deixado nos últimos 24 anos, que são obras, o nosso legado vai ser a qualidade do serviço público. Melhorar a Educação tirando a Serra dessa nota 4,1 para as séries finais do Ensino Fundamental. Melhorar a Segurança Pública pra que Serra deixe de ser uma das cidades mais violentas do país e a mais violenta do Estado. Melhorar a Saúde para que a população não tenha que passar a madrugada nas filas para fazer os seus agendamentos oferecendo as especialidades, principalmente através da Saúde da Família.