Deputado Bruno Lamas apoia Crianças com Transtorno do Déficit de Atenção
O deputado Bruno Lamas recebeu um pedido importante de mães que buscam criar uma associação para crianças com transtornos psíquicos no Estado.
O deputado estadual Bruno Lamas (PSB) recebeu, em seu gabinete, mães preocupadas com a qualidade da educação de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) e dislexia.
O parlamentar, que foi recém-eleito presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, colocou-se à disposição para ajudá-las na criação de uma associação estadual que irá discutir os transtornos e buscar soluções com políticas públicas de desenvolvimento, tanto no âmbito escolar como na rede de saúde. O encontro ocorreu na última sexta-feira, 12.
Representando pais e mães que possuem filhos com tais transtornos, Sônia Damasceno e Mariana Fernandes foram ao gabinete do parlamentar e relataram as dificuldades enfrentadas no dia a dia por essas crianças.
O TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
O transtorno na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo).
Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como dificuldades com regras e limites.
FIUK
Trata-se do mesmo transtorno diagnosticado no ator Fiuk, que participa do Big Brother Brasil e por isso não tem tomado a medicação. O ator tem tido crises de choro e desatenção nas provas, além de ter apresentado uma aparência física mais abatida e menos cuidada.
Já a criança extremamente opositiva, desafiadora, que discute por qualquer coisa, que não assume seus erros ou responsabilidades por falhas e que costuma sempre se indispor com os demais de seu grupo ou de sua família de maneira a demonstrar que a cada situação será sempre difícil convencê-lo, mesmo que a lógica mostre que suas opções estão evidentemente equivocadas tem os sintomas de Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD).
Se a dificuldade é para encadear as letras e formar as palavras, e não se relaciona direito os sons às sílabas formadas, trocando certas letras ao ler e escrever, é bem possível que a criança enfrente um distúrbio genético chamado de dislexia.
Sensível a essa causa social ainda pouco conhecida, Bruno garantiu que irá divulgar os transtornos junto à Casa de Leis e estará promovendo ações para que essas crianças possam ser acolhidas de forma adequada pelas redes de educação.
Para o deputado, somente quem passa pelos distúrbios ou convive com eles no dia a dia sabe das dificuldades.
“Como agente representante da sociedade no Legislativo estadual, estarei movimentando o meu gabinete no sentido de encontrar maneiras para que os transtornos sejam melhor conhecidos pela sociedade e comunidade escolar e, com isso, tenhamos um olhar diferenciado para essas crianças”, garantiu Bruno.
Segundo Sônia Damasceno, mãe de Davi, de 5 anos, há associação entre TDAH, TOD e dislexia, o que requer uma atenção especial por parte do poder público. Ela revela que hoje pais e familiares de pessoas diagnosticadas com os transtornos recebem o laudo médico e ficam à mercê da própria sorte.
“Precisamos do acompanhamento ou qualquer outra política pública que tenha como suporte ajudar no desenvolvimento desses meninos e meninas, tanto no âmbito escolar como na rede de saúde”, concluiu.
Entenda alguns transtornos
1) TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH)
O que é?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Existe mesmo o TDAH?
Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?
Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.
O TDAH é comum?
Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas: desatenção e hiperatividade-impulsividade.
Com identificar o transtorno?
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo).
Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos (“colocam os carros na frente dos bois”).
Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São considerados “egoístas”. Eles têm uma grande frequência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais são as causas do TDAH?
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo – inclusive no Brasil – demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.
O que pode “mexer” com os neurotransmissores?
1) Hereditariedade
2) Substâncias ingeridas na gravidez: nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê
3) Sofrimento fetal: alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH exposição a chumbo
4) Exposição a chumbo: crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH
5) Problemas familiares: algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta ideia. As dificuldades familiares podem ser mais consequência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais). Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
2) TRANSTORNO OPOSITIVO-DESAFIADOR (TOD)
O que é?
TOD é a sigla para Transtorno Opositivo-Desafiador, um transtorno psiquiátrico caracterizado pela irritabilidade e confrontação de crianças e adolescentes. Ele acontece geralmente na infância.
Assim, é por volta dos 8 anos que o TOD é mais diagnosticado, mas pode se apresentar desde os 3 anos. Além disso, parece acontecer mais em meninos do que em meninas na infância.
Quais são sintomas do TOD?
– Comportamento opositivo e desafiador: é muito difícil a criança com TOD concordar com algo que os pais ou um adulto com autoridade digam. Inclusive, às vezes, ela discorda só por discordar, para irritar a figura de autoridade. Também é comum que ela faça algo só porque falaram para ela não fazer.
– Comportamento negativista: para ela, nada vai dar certo, e nada está bom o suficiente.
– Acessos de raiva ou birra: quando não consegue o que quer, a criança costuma perder a calma. O mesmo acontece quando pedem que ela faça algo que não quer fazer.
– Humor facilmente irritável: a criança com TOD se irrita muito fácil. Por isso é comum que ela tenha vários acessos de raiva todos os dias.
– Recusa em obedecer figuras de autoridade: costuma desobedecer os pais e professores de propósito. E fica irritada quando recebe ordens.
– Teimosia e ressentimento: ela é muito teimosa e se ressente facilmente, guardando rancor muitas vezes.
– Falta de amigos: não costuma ter amigos, pois não gosta de compartilhar suas coisas. Acima de tudo, é muito mandona.
– Mau desempenho escolar: isso não é regra, uma vez que TOD não altera a inteligência, mas costuma acontecer porque ela se recusa a participar de trabalhos em grupos ou a ser ajudada por alguém. Raramente a agressão (a si ou a outros) está relacionada com TOD.
– Culpar os outros: é interessante que os pacientes com TOD costumam culpar os outros pelos seus atos. Então, é comum ouvir que a atitude deles foi só uma reação à atitude de outras pessoas. Por isso, o transtorno pode causar mais sofrimento para as pessoas que convivem com os pacientes do que para eles próprios.
Como consequência das características citadas, pode surgir baixa autoestima e humor mais deprimido.
Já na adolescência, pode acontecer abuso de álcool e outras substâncias, assim como evolução para transtorno de conduta ou transtorno do humor.
Quais sãos as causas?
Não existe uma causa específica e conhecida para o Transtorno Opositivo-Desafiador. Entretanto, várias teorias são levantadas por diferentes grupos de estudiosos.
A psicanálise, por exemplo, atribuiu o transtorno a conflitos não resolvidos com figuras de autoridade. Já os behavioristas acreditam que esse é um comportamento aprendido pela criança para ter controle sobre os pais e ganhar atenção.
Os fatores de risco também não são cientificamente comprovados. Porém alguns estudos afirmam que os seguintes fatores podem aumentar a chance de desenvolver TOD:
- Educação muito rígida;
- Mães com problema de saúde mental;
- Ter sofrido violência;
- Sexo masculino antes da puberdade e sexo feminino depois da puberdade.
Qual é o diagnóstico de TOD?
O diagnóstico só pode ser feito por um médico, de preferência psiquiatra. Não existem exames que possam diagnosticar TOD, por isso o diagnóstico é chamado de clínico, que é quando o médico chega a ele a partir da história e dos sintomas do paciente.
Qual é a relação entre TDAH e TOD?
Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e TOD estão associados. Estima-se que até 50% dos casos de TDAH estejam relacionados com TOD.
Quando a criança apresenta os dois transtornos, o TOD vai ter influência na maneira em como o TDAH vai se manifestar na vida do pequeno. Assim, normalmente compromete o comportamento da criança com os adultos à sua volta, e o rendimento escolar pode piorar ainda mais.
Então, além do tratamento do TDAH, será necessário procurar ajuda também para o transtorno opositor.
Qual é o tratamento para o TOD?
O melhor tratamento para TOD é a terapia comportamental e o treinamento dos pais. Com isso, os pais aprendem a incentivar o comportamento correto na criança e a desincentivar o comportamento opositivo delas.
Já para as crianças, a psicoterapia individual é muito boa, pois as expõem a situações nas quais elas têm que “praticar” o bom comportamento. Dessa forma, elas aprendem novas técnicas de domínio próprio e controle.
Além disso, medicamentos podem ser usados para controlar alguns dos sintomas, como a agressividade, mas não existe um medicamento específico para TOD. Além disso, todos os remédios podem gerar reações adversas. Portanto, a terapia é a melhor escolha porque traz melhores resultado e menos efeitos colaterais.
3) DISLEXIA
O que é?
A dislexia é um distúrbio genético que dificulta o aprendizado e a realização da leitura e da escrita. O cérebro, por razões ainda não muito bem esclarecidas, tem dificuldade para encadear as letras e formar as palavras, e não relaciona direito os sons às sílabas formadas. A pessoa começa a trocar a ordem de certas letras ao ler e escrever.
Entenda: dislexia não tem nada a ver com Q.I. (quociente de inteligência) mais baixo. Disléxicos se atrapalham com as palavras, mas costumam ir bem nos cálculos, por exemplo. O comportamento varia também. Há disléxicos desorganizados e outros metódicos; existem aqueles falantes e outros muito tímidos.
A disfunção afeta preponderantemente o sexo masculino: são três meninos para cada menina. Existem diversos graus de intensidade e o diagnóstico costuma ocorrer na infância, quando a criança está aprendendo a ler e escrever.
Quais os sintomas?
- Trocar letras, principalmente quando elas possuem sons parecidos, como “f” e “v”, “b” e “p”, “d” e “t”
- Pular ou inverter sílabas na hora de ler ou escrever
- Fala prejudicada
- Não conseguir associar letras e sons
- Confundir palavras que soam parecido, como macarrão e camarão
- Erros constantes de ortografia
- Lentidão na leitura
- Problemas de localização de esquerda e direita
- Dificuldades para estudar
Quais sãos as causas?
- Histórico familiar
Como prevenir?
Por se tratar de um distúrbio genético, não há como prevenir a dislexia. A saída é detectá-la precocemente para assegurar o aprendizado da criança e sua qualidade de vida.
Como é feito o diagnóstico?
Ele é feito por neurologistas, fonoaudiólogos e psicólogos geralmente entre os 8 e os 9 anos de idade.
No consultório, o especialista diferencia a dislexia de outros transtornos, como o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além de descartar problemas emocionais ou neurológicos que interfiram na leitura ou na escrita.
Como é o tratamento?
Embora a dislexia não tenha cura, é possível levar uma vida normal se houver suporte especializado desde cedo. O tratamento com fonoaudiólogo e psicólogo permite criar estratégias para superar as dificuldades com as palavras. A terapia também é importante para dirimir possíveis crises de autoestima.
Como a criatividade é um traço marcante entre os disléxicos, aconselha-se os pais a estimular a criança a desenhar, pintar, tocar instrumentos musicais e praticar esportes.
Fontes: Associações Brasileiras do Déficit de Atenção (ABDA) e de Dislexia.