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Instituto Goiamum sonha em revitalizar o Casarão de Balneário de Carapebus

Instituto Goiamum sonha em revitalizar o Casarão de Balneário de Carapebus

Débora Batista

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Um casarão em ruínas e muita história para contar. Quem passa pela avenida Augusto Rusch, em Balneário de Carapebus, na Serra, mal vê um estreito muro de pedras entre dois condomínios residenciais. Mas foi exatamente naquele local que tudo começou.

Após mais de dez anos de obra, o fazendeiro José Olímpio Gomes inaugurava, na década de 50, sua suntuosa residência, sede da fazenda que ia do antigo Yahoo ao bairro Cidade Continental. Com quatro pavimentos, 12 banheiros e 56 cômodos, a casa chamada atenção com sua arquitetura alemã e peças trazidas do país europeu.

Até mesmo um elevador fazia parte do casarão, que tinha sala de guerra, salão de festas e uma cozinha com central de refrigeração, podendo armazenar comida por meses.

O casarão foi construído com muita segurança, o que incluía dois túneis subterrâneos acessados a partir de passagens secretas. Um deles, encontrava-se atrás do armário do quarto principal.

José Olímpio não deixou filhos e cometeu suicídio num casarão semelhante, mas em menores proporções, que construiu em Santa Tereza, ES. Um de seus funcionários, criado como filho, herdou todas as propriedades e começou a lotear o que hoje são bairros da Serra.

O casarão foi vendido para o industrial Jean Sipierski, que construiu uma ampla área de lazer, com piscina, cozinha industrial, sala de jogos e quatro suítes, já que seus filhos tinham medo de dormir no casarão.

Hoje, tomado de mato e em completa ruína, o casarão não tem sequer um ambiente completo. Só é possível entrar no hall. O restante foi interditado pela Defesa Civil. Quem toma conta do espaço é o senhor Iberê

Iberê Sasse, diretor-presidente do Instituto Goiamum, vizinho do local, que por muitas vezes frequentou o casarão ainda habitado por seu segundo proprietário.

“Sinto muita tristeza em ver o casarão deste jeito”, contou Iberê, afirmando que até poucos anos, o prédio estava inteiro, até ser vítima de dois incêndios criminosos e muita ação de vândalos. “Quando espalharam que aqui tinha tesouros escondidos, a ação dos vândalos piorou”, comentou.

Aposentado do Ibama, Iberê criou o Instituto Goiamum com a intenção de fomentar atividades em benefício do homem e da natureza, como aquacultura, agricultura orgânica urbana e apoio aos pescadores, como acesso ao defeso. Todos, projetos auto sustentáveis.

Por ser vizinho do imóvel, foi avisado que havia diversos trabalhadores destelhando o casarão. “Fui imediatamente ao local dizer que não se podia fazer aquilo com algo com tanta história para contar”, recordou.

A área foi dividida em quatro. Empreendimentos imobiliários foram erguidos, a prefeitura ficou com uma parte e outra foi cedida ao Instituto Goiamum. Hoje, há uma sede do instituto no espaço, construída com recursos da Arcelor Mittal.

“As empresas particulares são grandes parceiras. A Vale está construindo o Parque Caminho do Mar, atendendo a uma sugestão minha. Tenho inúmeros projetos para este casarão, como transformá-lo em um centro cultural. Os vândalos não foram inteligentes. Se o casarão estivesse em pé, aqui já poderia haver aulas de música, artesanato e teatro para seus filhos”, lamentou.

A entrada ganhou recente terraplanagem feita com auxílio de voluntários. Já existe no local material suficiente para o calçamento do pátio frontal, com recursos provenientes de multas de varas penais da cidade.

Para a antiga área de lazer, os planos são a construção de um Centro Dia para idosos, com restaurante escola. “A estrutura já foi avaliada e é boa. A recuperação custará R$600 mil”, comentou. Não é nada para um município que está investindo R$43 milhões numa rotatória.

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