Sérgio Vidigal apresenta soluções para Serra em webconferência a convite do comércio
Para o deputado, o poder público precisa aprender com o privado a se modernizar, utilizar tecnologia para agilizar e minimizar custos. "Serviços e Comércio mostram na história que se superaram. O poder público não pode atrapalhar, mas criar uma ambiência favorável ao crescimento, porque eles geram emprego e desafogam a máquina. É preciso trabalhar com o que temos e não com ajuda externa. Operação de crédito é antecipação direcionada de recursos. Transparência é também mostrar o retorno social".
“O pior da crise ainda está por vir, mas o serrano diversificou suas atividades mostrando que é capaz de se reinventar e superar”, disse o deputado federal e ex-prefeito Sérgio Vidigal, em recente evento realizado pelo Instituto Cívitas no Hotel Serra Grande. Vidigal disse, em webconferência, que o poder público precisa seguir o modelo do privado e se modernizar. O fim de medidas provisórias e auxílios emergenciais é preocupante, em sua avaliação.
Sérgio Vidigal lembrou da contribuição importante que o Sistema S tem oferecido aos setores referidos, no processo de capacitação, qualificação e reinserção no mercado, além da importância da ASES no apoio ao empreendedor local.
Em seu panorama histórico e econômico, Vidigal lembrou da transformação da Serra nas últimas décadas. “Nos anos 80 e 90, Serra era uma cidade tipicamente industrial. A composição do nosso PIB era mais de 70% referente ao Setor Industrial. Tanto que recebemos aqui dois polos de indústrias – CIVIT 1 e 2 – além da planta da Arcelor Mittal, antiga CST. A cidade, que antes era dormitório, nasceu deste polo industrial”, recordou.
“O setor de Indústria é muito bom para agregar valor na receita de ISS, mas para gerar emprego, ele realmente não se compara nem compete com os setores de Comércio e Serviços. E a Serra diversificou muito sua economia. Este é um ponto positivo”, avaliou.
De acordo com o deputado, Serra vem superando diversos desafios nos últimos anos. “Em 2008, a crise econômica dos Estados Unidos nos impactou, principalmente na exportação do setor siderúrgico. Em 2012, veio o fim da Funap, o incentivo às atividades portuárias”, enumerou.
“Em 2014, 2015, o Brasil passou por nova recessão econômica e ainda vivíamos seu impacto antes da pandemia. O país chegava ao fundo do poço em 2016, 2017. Começávamos uma certa recuperação quando passamos a vivenciar as quarentenas. Ainda não podemos evidenciar os impactos totais desse momento e vou explicar porquê”, continuou.
Segundo o deputado, municípios e estados ainda não experimentaram a perda da receita e isto está por vir. “Nós aprovamos, no Congresso Nacional, compensações para a perda de receita através de leis complementares e medida provisória. A Serra, por exemplo, recebeu R$83 milhões de compensação financeira”, esclareceu.
Vidigal lembrou que mais de 60 milhões de famílias estão recebendo o auxílio emergencial, que se encerra nos próximos dias: “Existe uma proposta de leva-lo até dezembro mas com queda no valor para R$300. Depois não teremos mais auxílio nem compensação financeira para perda de receitas governamentais, a não ser que o GF reedite alguma medida complementar, mas sabemos que o GF não tem mais recursos. A cada repasse, aumenta seu endividamento”.
O que fazer diante do novo cenário? – A tarefa não é fácil, segundo o ex-prefeito, porque o novo normal só retornará quando a sociedade tiver disponível a nova vacina. Por enquanto, as atividades serão liberadas com prevenções e cuidados. Alguns setores possivelmente serão ainda mais impactados quando as compensações não mais forem depositadas.
Na opinião do deputado, o setor privado já demonstrou sua capacidade de se superar mas o poder público também precisa fazer o mesmo. “O setor público não pode atrapalhar o setor privado a produzir e também precisa criar uma ambiência de negócios para que o empresário continue sobrevivendo, porque é uma atividade forte”, explicou, enfatizando que quanto mais pessoas tiverem receita e renda, menos demanda será exigida do poder público.
Felizmente, os setores afetados pela crise são setores de força econômica, que conseguiram crescer muito nos últimos anos, mesmo em meio a crises. “Serviços cresceu ainda mais que Comércio. São dois grandes ingredientes no PIB da cidade. O terceiro é o parque industrial que saiu de quase 70% para apenas 19% da composição do PIB. Tivemos uma queda na Construção Civil com a crise de 2014, mesmo assim, ele representa quase 15% de toda a atividade econômica da cidade. Isso demonstra a diversificação de nossa economia”, continuou.
Poder público precisa se modernizar – Vidigal alertou para os depoimentos de empresários que se reinventaram e criaram o delivery e foram para as redes sociais. “O setor público precisa do mesmo. A tecnologia não deve ser utilizada só para postar foto de lazer. As ferramentas tecnológicas ainda não são muito utilizadas pelos governos. Ainda temos que ir lá para protocolar um projeto, aguardar um licenciamento, entregar o resultado de um exame ou marcar a consulta com um especialista”.
Etapas de uma construção poderiam ser facilitadas por entregas de documentos via PDF, da mesma forma que exames. O poder público também precisa se modernizar e investir em tecnologia para oferecer agilidade e menor custo. Poderemos reduzir o tamanho da estrutura pública com a tecnologia. Do jeito que está hoje é inviável”, salientou.
“Temos hoje quase 25% da população economicamente ativa ganhando menos de um salário mínimo por mês. O Sebrae trabalha muito o empreendedorismo. Qual o perfil do empreendedor de hoje? Aquele funcionário estabilizado que perdeu seu emprego, não sabe o que fazer e abre um negócio sem pesquisa de mercado e preparo. Perde o pouco que lhe restou e não consegue sobreviver por mais de três meses.
Por outro lado temos um número enorme de pessoas com conhecimento prático em diversas funções, mas sem conhecimento técnico, sem certificações. Precisamos dar auxílio a essas pessoas, criar um mecanismo para certificá-las”, exemplificou.
Com a crise e com menos verba de investimento, o deputado alerta para o perigo da operação de crédito. “Com banco não dá para conversar. A parcela vence e só resta pagar. O grande problema é ter uma receita pública consignada a pagamento de dívidas, com antecipação de receita destinada a projetos específicos. O setor público tem cada vez mais que agir como o setor privado, raciocinando que dinheiro tem que ter retorno até porque é do povo. Não adianta ter ruas asfaltadas e praça embelezada sem emprego em tempos de crise”, ponderou.
O momento é de desafios. Não é de um novo normal, mas de um novo modelo de gestão para todo o mundo, em sua opinião. “Transparência não é só dizer quanto entra e quanto sai, mas quanto está sendo aplicado e quanto será o retorno social e econômico, com responsabilidade e prioridades”, disse.
E ainda: “Não é possível depender apenas da política econômica nacional. Precisamos trabalhar com foco no poder local e em como o município poderá contribuir. O cidadão que tem lucro aqui, vai alimentar e reinvestir em nossa economia. A solução não pode vir de fora, mas de dentro de nós. Seremos competentes quando agirmos desta forma”, finalizou.