Você já ouviu falar do Novembro Roxo da Prematuridade?
Falta pouco para o fim do mês de novembro mas ainda é possível falar de um assunto muito importante que marca o mês. Conhecido por Novembro Azul, de combate ao câncer de próstata, este mês também tem outra cor, o Novembro Roxo, o mês da Prematuridade. A intenção é estimular campanhas e debates sobre o tema, a fim de alertar gestantes dos cuidados essenciais para manter a gravidez por 40 semanas e, ainda, explicar às mamães de prematuros como cuidar da melhor forma possível de seu bebê.
De acordo com a médica neonatalogista Brunela Posses, a idade gestacional é de nove meses, ou 40 semanas. Um bebê é considerado prematuro quando nasce antes de 37 semanas e passa a ter maior chance de morbimortalidade e sequelas.
“Geralmente, a partir de 23 semanas, é considerado possível que o bebê sobreviva, porém com altas chances de adquirir sequelas”, explicou a médica.
Dra Brunela explica que a prematuridade corresponde à principal causa de complicações e mortes de crianças que nascem no Brasil até os cinco anos de vida. Ela é determinada por fatores socioeconômicos, estilo de vida e de trabalho e também pode estar associada a fatores biológicos.
Grande parte dos nascimentos prematuros, segundo a médica, são preveníveis. A melhoria da qualidade da assistência ao pré-natal constitui o principal fator para evitar um nascimento prematuro.
Outro fator determinante é a assistência perinatal adequada, com a classificação de acordo com o risco gestacional. A médica enfatiza que maternidades que possuem estrutura para atender ao binômio (mãe e bebê) em um parto de risco, com uma equipe multiprofissional preparada para receber esse bebê prematuro contribuem para reduzir a morbimortalidade.
“Os prematuros possuem maior risco de mortalidade devido ao desenvolvimento incompleto fetal. Eles estão mais vulneráveis às infecções devido à incompetência imunológica, agravada pelo tempo prolongado de internação. Geralmente necessitam de suporte respiratório, nutricional, controle de temperatura e infecção, sendo mais susceptível quanto maior o grau da prematuridade”, explicou.
A prematuridade, segundo a médica, aumenta o risco de doenças crônicas, alterações no neurodesenvolvimento e problemas psíquicos no futuro.
Prematuridade extrema – Um dos pacientes da dra Brunela é o Miguel, que hoje tem quase cinco anos. Miguel nasceu com 25 semanas. Ele possui duas classificações de risco extremo, segundo a mãe Ellen Trancoso Pitanguy. Uma, por ter nascido com menos de 27 semanas gestacionais. Outra, porque nasceu com menos de 1kg: ele veio ao mundo com apenas 800 gramas.
Para a mãe, um grande susto. Mesmo sendo profissional de Saúde, formada e atuante em Farmácia, Ellen precisou aprender muito com o filho. Miguel deixou a UTIN apenas com dez meses. Seus pais mal podiam se aproximar, devido aos riscos que ele estava sujeito.
Engana-se quem pensa que os problemas acabaram com a saída da UTIN. O bebê ainda precisou de homecare presencial por dois anos e meio. Desde então, está inserido no programa de homecare assistencial, onde a equipe multidisciplinar faz visitas periódicas.
Foram necessárias algumas cirurgias e muitos procedimentos até que a criança oferecesse aos pais e equipe uma segurança maior de que sobreviveria. Hoje, Miguel ainda precisa de traqueostomia e se alimenta através de sonda.
Mãe de prematuro – Miguel nasceu tão cedo porque Ellen possui incompetência istmo cervical. Seu colo do útero é mais fraco que o normal, ou mais curto, e tende a dilatar e afinar sem mesmo haver contrações, apenas pelo peso do bebê. Em geral, quem tem esta deficiência, só sabe quando perde um bebê ou quando nasce um prematuro.
Miguel nascer tão precocemente foi uma grande surpresa. “Ser mãe de prematuro é muitas vezes viver na tensão do inesperado que cada dia traz. “São intercorrências diversas, procedimentos que não acabam mais. É viver um dia de cada vez confiando em Deus, que Ele nos fará testemunhar um milagre a cada dia”, confessou.
A história de Miguel é de milagres e superação. Os pais já chegaram a ser chamados pela equipe médica para esperar pelo pior. “Já deram ao Miguel 1% de chance de sobreviver, mas ele venceu”, contou a mãe.
Ellen passou por uma segunda gravidez e usou um aparelho chamado pessario no colo do útero para evitar um parto precoce, além de medicamentos, monitoramento constante e repouso. Seu segundo bebê, hoje com sete meses, nasceu prematuro de 35 semanas e precisou de cinco dias de UTIN, mas não tem nenhuma sequela.
Ellen afirma que a escolha dos profissionais para o pré-natal é de extrema importância, não apenas da obstetra mas também de um ultrassonografista especializado em medicina fetal, além de nutricionista materno-infantil.