Quem disse que futebol não é brincadeira de mulher, não conhece o Serra Futebol Clube, time que investe não só na seleção masculina como também no universo das emponderadas. Com estádio próprio, Roberto Siqueira (Robertão), o Serra consegue reunir 2.500 torcedores na arquibancada. “Esse é o nosso diferencial”, garantiu o presidente Ervino Ferreira Kuster. O clube chega aos 90 anos de atividade em meio à pandemia, organizando com a torcida a venda de camisas e máscaras comemorativas alusivas ao aniversário.

            Colecionando seis títulos no Campeonato Capixaba, além de ter conquistado a Copa Espírito Santo, Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro Série D, o time está de quarentena. “Mantivemos apenas oito atletas de base com contrato, para não nos comprometermos além das possibilidades”, disse o vice-presidente José Alves Rodrigues Neto, o Zezinho Tintas.

            Os planos, no entanto, são grandes, sobretudo voltado para o time feminino. “Somos o segundo melhor clube em estrutura fixa no futebol feminino do Estado. Estamos atrás apenas do Vila Nova”, garantiu. As meninas deram ao time o campeonato em Lima, pelo Libertadores. “Levamos o nome de Serra ao território nacional pela Copa do Brasil.

            O projeto para o segundo semestre é incorporar a base sub 15 e sub 17 masculina. “Nosso desejo é ter uma escolinha de futebol. Porém, como não temos um campo além do estágio, fica impossível pois o desgaste seria grande”, explicou.

O grande sonho do vice-presidente é ter um apoio maior. “A prefeitura nos ofereceu o básico. Jardim da Paz e Unimed contribuem com um apoio pequeno”, enumerou, afirmando que se houvesse um campeonato hoje a enfrentar, o time não estaria em condições financeiras da disputa.

“Temos uma diretoria focada, que trabalha de forma voluntária e dedicada, por amor. Queremos envolver a rapaziada de Serra e criar estrutura suficiente para que o uniforme do time possa garantir uma estabilidade profissional. Uma de nossas jogadoras está hoje num time de Portugal, ainda no amador, mas crescendo. Queremos ajudar o jovem que quer ingressar no mundo do futebol mas não apenas para que troque de camisa mas que esteja num time grande, forte”, planejou.

Segundo Zezinho, o capixaba precisa valorizar mais seu futebol. “Hoje sofremos a concorrência com o futebol mineiro, carioca e paulista. Temos dificuldade em ter a nossa torcida. O capixaba torce pelo Flamengo, Vasco, Cruzeiro, Atlético, São Paulo, Corinthians. Queremos investir em escolinhas para manter os atletas e não para encaminhá-los. Serra precisa ter um caminho mais longo e organizado no mundo do futebol”, disse.

            “Hoje apostamos numa base sub 20 de muito talento. Temos uma mina rica de atletas e queremos trabalhar, valorizar, estruturar nossos ambientes para encaminhar este jovens para o melhor local no mundo do futebol. Temos a responsabilidade com os jovens que estão em nosso campo. Evitamos que caiam na mão de empresários aproveitadores. Não queremos assistir jovens talentosos saírem daqui com potencial e voltarem com a mente destruída e o sonho esmagado”, continuou.

            Zezinho disse ainda que nos próximos dez anos, quer que o Serra Futebol Clube chegue ao centenário com outra realidade. “Respeitamos quem compra o ingresso, nossa camisa e torce. Temos mais de 60 jovens sendo preparados no momento. Queremos que eles cresçam e que o clube também seja grande”, finalizou.