A dura realidade dos pescadores de Nova Almeida chega a ser desumana
Pescadores de Nova Almeida sofrem com a dura realidade que enfrentam diariamente sem um terminal pesqueiro. O projeto existe, mas nunca saiu do papel. Promessas que não se cumprem, segundo quem vive do mar. "Queríamos um igual a Jacaraípe", disse Ivan Santos. A condição em que trabalham chega a ser desumana. Imagens: Adriano Ezequiel
Pescadores de Nova Almeida estão sofrendo com um problema antigo que a cada dia se agiganta. A falta de um píer de atracação e a barra cada vez mais assoreada. De acordo com o pescador Ivan do Couto Santos, depois que a empresa Sesan fez uma obra para tratar a água do rio Reis Magos para o abastecimento da Grande Vitória, a situação se agravou. O mar fica revolto e embarcações se perdem, dificultando ainda mais a vida já complicada de quem vive do mar.
De acordo com Ivan, cerca de cem famílias vivem da pesca no local. Eles conseguem camarão, corvina, badejo, peruá, garoupa, pargo, baiacu, pescada e pescadinha. Comercializam numa pescaria construída pela prefeitura mas que carece de reforma urgente.
As 70 embarcações que em média atracam naquela barra, utilizam passarelas improvisadas, além de precisar de muita força humana para livrar o barco das areias.
“Cada um fez a sua. Uns de madeira, outros de cimento. Bonito não está, mas é o jeito que temos. O ideal seria um píer como fizeram em Jacaraípe. Pra cá, foi só promessa. O projeto existe, até a maquete já nos mostraram, mas nada saiu do papel”, lamenta.
O pescador conta que a cada dia é preciso calcular com mais precisão a entrada e saída das águas. “Antes não era preciso ter hora pra entrar e sair. Isso limita demais nossa atividade. Temos que voltar cedo. Se passar do horário, só conseguimos atracar novamente à noite”, explicou.
Outra obra que complicou a vida dos moradores foi a ponte sobre o rio, pois seus pilares interromperam a passagem das embarcações. “Um dos pilares foi inutilizado. Recentemente, três barcos se perderam porque colidiram nos pilares”, contou.
O morador Adriano Santos Ezequiel, uma das lideranças da comunidade, explicou que os pescadores locais já sabem onde estão localizadas as vigas do pilar não finalizado. Porém, pescadores que não conhecem a região, frequentemente passam por acidentes, colidindo no local e perdendo seu veículo de trabalho.
“Os pescadores precisam contar com a maré para entrar e sair do mar, porque a barra está muito agitada. O esforço braçal é grande porque muitas vezes o marco encalha nas areias. É um sofrimento”, explicou.