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Cadeirante líder comunitário luta por acessibilidade em Serra

Cadeirante líder comunitário luta por acessibilidade em Serra

Jozué Birindiba Gomes gostaria de ver na Serra um centro de reabilitação, semelhante ao que tem em Vila Velha.

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            Ele é cadeirante e sabe como é difícil a vida de quem precisa de condições especiais para se locomover. Mesmo com toda a dificuldade em ter nascido com sensibilidade nos membros inferiores, Jozué Birindiba Gomes se tornou líder de sua comunidade, André Carloni. “Todos me tratam com normalidade porque dou conta do meu trabalho”, garantiu quem conquistou a população local. Jozué tem lutado para que portadores de necessidades especiais (PNE) sejam respeitados por administradores públicos e engenheiros, quando elaborarem seus projetos.

            Jozué nasceu com uma condição especial. Precisou usar cadeira de rodas ainda na infância, até os 15 anos de idade. Passou então a utilizar muletas canadenses até os 40. Hoje, aos 56, enfrenta as dificuldades nas ruas da cidade e nos estabelecimentos, mesmo públicos. “Uma cidade com 600 mil habitantes, como Serra, deixa muito a desejar nesta área, apesar de oferecer alguma acessibilidade”, disse Jozué.

            Apesar de estar satisfeito com as leis que hoje beneficiam a comunidade PNE, lamenta a falta de aplicação. “Há poucos dias estive numa reunião na Serra Ambiental, um prédio de 12 andares. Na sala de reuniões, havia quatro banheiros. Nenhum deles construído pensando em acessibilidade. Todos tinham portas de 60 cm de largura. Isso num prédio construído há pouco mais de dez anos. O elevador é minúsculo. Quase não comporta uma cadeira de rodas”, exemplificou.

            Na Serra, os avanços aconteceram, mas ainda há muito por fazer, segundo Jozué. “Vitória foi pioneira em oferecer acessibilidade no transporte público. Hoje, aqui também temos. Existe um micro-ônibus que nos leva ao trabalho, que é uma atividade rotineira e com horário fixo. Mas se eu for usar um ônibus tradicional para algo inesperado, é muito difícil conseguir. Só há uma vaga de cadeirante. Quando esta vaga está ocupada, o motorista nem para no ponto. É muito difícil chegar ao destino para quem não pode pegar um uber”, explicou.

            Jozué afirma que há poucos políticos defendendo as necessidades dos especiais. “Não vejo vereadores ou deputados brigando por nossa causa”, garantiu.

Jozué informa a respeito da grande necessidade de um centro de reabilitação na Serra, como o de Vila Velha. “Temos terreno pronto, projeto, dinheiro separado para a obra mas ninguém briga para isto acontecer”, reclamou.

Num espaço como este, o cadeirante ou portador de qualquer outra necessidade, encontra profissionais de áreas diversificadas, como oftalmologista, fonoaudiólogo e fisiatra. “As pessoas em geral deveriam lutar por acessibilidade porque todos um dia vão precisar de condições especiais. Não apenas pessoas com deficiência precisam mas os idosos também”, alertou.

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