Uma obra bonita para inglês ver. O calçadão que a Prefeitura da Serra está construindo nas praias de Balneário de Carapebus e Bicanga nem está concluído e já apresenta diversos problemas. Isto porque a construtora responsável não está seguindo as recomendações adequadas de Engenharia nem mesmo utilizando material de qualidade. A afirmação é do morador Raphael Almeida, que diariamente vem fiscalizando o trabalho, como cidadão.

“Comecei a fazer isto quando percebi os erros. Moro em Bicanga e estou aqui todos os dias. Pedi o projeto da obra e ninguém quis me oferecer, mas já tenho ele em mãos. Apontei os erros à prefeitura, que já está ciente mas não fez nada. Os trabalhadores nem gostam de mim porque eu falo mesmo, mostro o problema. Percebi, então, que não há o interesse em fazer o correto por economia. E isso é mau uso do dinheiro público, que é meu e seu”, disse Raphael.

O morador já procurou quem poderia. A líder do bairro, o secretário de Obras e o fiscal da empresa. “Ninguém quer me ouvir”, alegou. Mas as denúncias continuam sendo feitas. Numa última tentativa de ver a obra ser feita adequadamente, para que o benefício seja o esperado, ele decidiu gravar um vídeo denunciando o problema e pede a todos que o compartilhem, para que sua voz seja ouvida.

As irregularidades – Segundo Raphael, há economia de material e de mão-de-obra. “Já vemos erosão e cerâmica soltando antes mesmo da finalização da construção”, apontou.  Ele explica que há locais onde deveria ser colocada uma camada de 7 cm de concreto, há apenas 1 cm. Onde deveria ter sido disponibilizado 20 cm de solo brita, utilizou-se apenas areia da praia. Utilizaram bloquete onde deveria ser colocado meio-fio. E os problemas não param.

“As tampas de bueiro já estão caindo porque não há estrutura para suportá-las. Os fiscais e representantes da empresa não acatam o que eu falo. Já chamei um vereador ao bairro. Ele veio e me garantiu que já deu o recado aos fiscais da prefeitura. A mesma empresa responsável por este calçadão está agindo com descaso e economia em outros pontos da cidade”, denunciou.

Do jeito que a situação está, Raphael teme pelo pior. “Ano que vem, os moradores e turistas vão tropeçar em pedaços de vergalhões e concretos, porque tudo está desmoronando”, afirmou.

A gravidade maior, segundo Raphael, é a não utilização da base adequada para que o calçadão não afunde com águas de chuva ou mesmo do mar, em períodos de maré-alta e ressaca. “Embaixo do calçamento, não utilizaram pó de pedra nem solo brita. Ele não está solidificado”, garantiu.

                As denúncias de Raphael estão sendo feitas há três meses, tempo mais que suficiente para os reparos necessários, mas a situação continua. “Venho aqui sempre e eles não gostam de mim. Já vim várias vezes para conversar mas não me ouvem”, comentou.