Ao trair a direita num movimento desesperado de “salve-se quem puder” após o primeiro turno na Serra, o deputado estadual Vandinho Leite se vê num dilema contraditório que expõe a fragilidade de sua trajetória política. Alinhado a Sérgio Vidigal, mas tentando manter pontes com Ricardo Ferraço, Vandinho agora ocupa um espaço de incoerência que dificulta qualquer construção política sólida.

O apoio a Vidigal, que almeja disputar o governo do estado, coloca Vandinho numa posição desconfortável. Vidigal não apenas tenta furar a fila que a base de Ferraço tenta consolidar, mas também representa o oposto do que Vandinho já prometeu no passado: uma postura conservadora e alinhada à direita, portanto combativa ao PDT e a esquerda. Ao apostar nesse apoio, Vandinho renunciou não só ao discurso que o elegeu, mas também à confiança da direita capixaba, que hoje o vê como um político oportunista.

Esse dilema é ainda mais agravado pela postura errática de Vandinho. Enquanto Vidigal avança com a força da máquina pública municipal, contando com a simpatia do governador Renato Casagrande — de quem recebeu apoio em momentos de crise política no passado —, Vandinho tenta se equilibrar entre o apoio ao prefeito da Serra e a expectativa de uma aliança futura com Ricardo Ferraço. O que fazer quando Vidigal, já fortalecido, ameaça tomar o espaço que Ferraço tenta assegurar?

A resposta, previsivelmente, será uma só: Vandinho buscará um muro alto e aguardará o desfecho das movimentações políticas. Essa postura, porém, reforça a imagem de um político sem raízes, incapaz de escolher um lado e sustentar suas escolhas. Hoje, Vandinho não é nem um aliado confiável para Vidigal, nem uma figura de confiança para Ferraço.

Para a direita capixaba, a trajetória de Vandinho é um exemplo de como a incoerência política pode destruir uma carreira. Ao tentar agradar a todos, ele acaba perdendo o respeito de quem busca coerência e posicionamento firme. A aposta de Vandinho em uma eventual presidência da Assembleia Legislativa, carregado nos braços por Casagrande, também é um reflexo de sua fragilidade. Sem militância, sem apoio real e sem consistência, dificilmente ele será capaz de liderar um projeto político com credibilidade.

Enquanto Vidigal avança e Ferraço tenta consolidar seu espaço, Vandinho Leite permanece preso ao dilema de sua própria falta de identidade política. Um político sem raízes, sem coragem e sem clareza de propósito, que hoje representa apenas a repetição do que a política capixaba mais cansa de ver: o oportunismo vazio.