Marco Rubio confirma possibilidade de sanções a Moraes
Após análise das denúncias feitas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) à União Interparlamentar (UIP), a organização decidiu enviar uma delegação ao Brasil para visitar as autoridades envolvidas e intermediar uma resolução rápida para o caso.
Em audiência no Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira (21/5), o secretário de Estado do país, Marco Rubio, afirmou que o governo americano está analisando a possibilidade de aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na Lei Global Magnitsky.
A legislação americana permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou graves violações de direitos humanos.
"Isso está sob análise neste momento, e há uma grande possibilidade de que isso aconteça", disse Rubio ao ser questionado pelo deputado republicano Cory Mills, da Flórida, sobre o tema.
UIP enviará delegação ao Brasil para tratar de restrições a direitos de Marcos do Val
Após análise das denúncias feitas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) à União Interparlamentar (UIP), a organização decidiu enviar uma delegação ao Brasil para visitar as autoridades envolvidas e intermediar uma resolução rápida para o caso. Marcos do Val relatou à UIP estar há quase dois anos com restrições ao exercício de seu mandato. As limitações são decorrentes de decisões judiciais que determinaram suspensão de seu salário, bloqueio de redes sociais e apreensão de passaporte. As medidas foram determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento do senador com atos antidemocráticos e fake news.
Em sua decisão de vir ao Brasil, a UIP reconheceu as preocupações crescentes do senador com questões que envolvem os limites institucionais da atuação dos Poderes Judiciário e Legislativo no país. A organização também reconheceu que as autoridades do Legislativo brasileiro têm agido de forma diligente na garantia das prerrogativas constitucionais do senador.
O senador informou que a UIP defende os direitos humanos de parlamentares em todo o mundo:
— Eles souberam do meu caso e começaram uma investigação em 2023, concluíram agora em abril que houve uma série de violações de direitos humanos que o ministro Alexandre de Moraes cometeu. Uma comitiva virá ao Brasil e isso é raríssimo de acontecer, só acontece quando o caso é grave — disse o senador.
De acordo com a decisão, tomada na assembleia de número 150 da entidade, no começo de abril, a UIP diz esperar que as autoridades brasileiras ajudem na “resolução satisfatória deste caso, em consonância com os valores democráticos universais fundamentais que unem todos os membros da comunidade interparlamentar; e espera receber sugestões de datas para que as autoridades parlamentares brasileiras possam receber uma visita do comitê”.
— Eles seguem primeiro o passo diplomático e, depois, caso não haja resultados, eles acionam a ONU. Eles virão ao Brasil, não disseram quando, para confirmar se eu já não estou sofrendo a perseguição política que eles comprovaram. Caso eu ainda permaneça como perseguido político, como eu ainda estou, sai da diplomacia e vai para a questão jurídica. O relator do caso na UIP fez contato comigo e disse que foi confirmado que meus direitos estão sendo violados e explicou que o presidente do Senado seria comunicado que a comissão virá ao Brasil — afirmou Marcos do Val.
Relembre o caso
Em fevereiro de 2023, o telefone celular de Marcos do Val foi apreendido, a pedido do ministro do STF Alexandre de Moraes, por suposto envolvimento do senador com os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Em junho do mesmo ano, a Polícia Federal promoveu busca e apreensão no gabinete e na residência do senador.
Os mandados contra do Val foram expedidos por Alexandre de Moraes, que alegou que o senador teria obstruído a investigação dos atos golpistas e teria divulgado documentos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos do 8 de janeiro. As contas das redes sociais do senador também foram suspensas. Até hoje Marcos do Val está com suas redes sociais e salário bloqueados, contando apenas com parte da verba de gabinete.
Em agosto de 2023, o senador pediu a devolução de suas redes sociais e disse que estava sendo vítima de censura. Em setembro do mesmo ano, Marcos do Val afirmou que o bloqueio de suas contas em redes sociais prejudicava sua prestação de contas junto à população e voltou a falar em censura.
Em julho de 2024, o senador afirmou que decisões de Alexandre de Moraes estariam violando a Constituição. Dois meses depois, o senador chegou a dormir no Senado em virtude do bloqueio de seu salário e acusou o STF de abuso de poder e chantagem. O passaporte do senador foi bloqueado em agosto de 2024.
Na semana passada, Marcos do Val discursou na tribuna do Plenário para divulgar que a UIP havia reconhecido a violação de seus direitos.
— A decisão foi tomada de forma unânime e confirmou o que já vínhamos denunciando há meses e que muitos insistiam em ignorar. Essa organização condenou por ameaça e atos de intimidação, ausência do devido processo legal, violação da liberdade de opinião e de expressão, violação da liberdade de circulação, suspensão e obstrução indevida do exercício do mandato parlamentar. (...) A UIP deixou claro que a ação promovida pelo ministro Alexandre de Moraes — como o confisco arbitrário do meu passaporte diplomático, o bloqueio injustificado das minhas redes sociais, a retenção do meu salário, multas diárias abusivas e até busca e apreensão na minha residência sem fundamentos e negados pela PGR — caracterizaram perseguição política. Não há como usar outro termo — disse o senador na ocasião.